sábado, 23 de maio de 2009

Conviver em Sociedade (Daniela Costa)


Uma pessoa muito querida por mim, disse-me uma frase que ficou latente em meu pensamento: “Ninguém é obrigado a gostar de ninguém, mas temos a obrigação de tratar a todos com educação”. Fiquei refletindo sobre como uma frase tão pequena pode surtir efeitos tão grandiosos, se colocada em prática.
Em nosso dia-a-dia, defrontamo-nos com situações desagradáveis a todo o instante. Afinal, viver em sociedade é uma imposição feita a todos, mas conviver em sociedade, é para poucos!
Como é difícil tornar homogênea e aceitável esta miscigenação de culturas, de crenças, costumes, posturas e vivências. Em todos os ciclos sociais dos quais participamos, existe um confronto de idéias, conceitos e preconceitos. E nem sempre é fácil abrir mão da bagagem de uma vida inteira, para concordar com as de seus semelhantes.
Conviver em sociedade, é ter como inevitável, o encontro das diferenças, e o desencontro de pensamentos. É entender que por mais que se deseje impor algum ponto de vista, em dados momentos, e não raros, concordando ou não, teremos simplesmente que aceitar.
Mas isto não significa que teremos que nos anular! Que deixaremos de ter nossas convicções, nossos ideais. Significa apenas que teremos que ser inteligentes, por que para se viver em sociedade, faz-se necessário ser perspicaz.
As pessoas não gostam de ouvir determinadas coisas, mesmo que sejam verdades, preferem manter um comportamento político, e na maioria das vezes, falso. Mas não se engane, nem todo mundo que lhe sorri, é confiável.
Em uma sociedade onde vive-se através das aparências, os mais ousados e francos, inevitavelmente serão julgados e condenados. Fugir do padrão da politicagem, é pedir para não ser aceito. E por pior que seja a constatação desta realidade, observa-se que é muito difícil viver fora dela. E para tornar as coisas um pouco mais fáceis, pode-se aplicar o conceito da frase inicial. Mesmo que você deteste o seu chefe, a sua sogra, o seu vizinho, o seu professor, o seu colega de sala, o seu companheiro de trabalho; e vá contra os seus princípios simular uma afeição, trate-o pelo menos com educação, pois assumir determinadas posições, pode lhe custar um alto preço!

Como diria Thomas Hobbes : "O homem é lobo do homem".

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Esperança (Daniela Costa)


A esperança é o que enche meu coração de alegria,

é o que preenche o vazio dos meus dias,

é o que me anima,

e renova minhas energias!


A esperança, é o que enche de felicidade minha alma,

é o porto seguro, o abraço acolhedor,

é a mão caridosa, que me acolhe e acalma,

é o ombro amigo, onde confidencio minha dor.


A esperança, é o que me permite sonhar,

é o que na vida, me faz acreditar.

É o que traz brilho ao meu olhar.

É algo, que nunca me deixa desanimar!


A esperança, é o que seca minhas lágrimas,

e abafa meus soluços.

É o que me faz vencer meus medos,

e superar todos os meus tropeços...


Ah esperança!

Tão doce e tão almejada,

quem dera todos nós a tivéssemos,

para seguirmos firmes em nossa jornada.




quinta-feira, 14 de maio de 2009

Hino Nacional (Carlos Drummond de Andrade)

Precisamos descobrir o Brasil!
Escondido atrás das florestas, com a água dos rios no meio, o Brasil está dormindo, coitado!
Precisamos colonizar o Brasil!
O que faremos importando francesas muito louras, de pele macia, alemãs gordas, russas nostálgicas para garçonnettes dos restaurantes noturnos. E virão sírias fidelíssimas. Não convém desprezar as japonesas.
Precisamos educar o Brasil!
Compraremos professores e livros, assimilaremos finas culturas, abriremos dancings e subvencionaremos as elites.
Cada brasileiro terá sua casa com fogão e aquecedor elétricos, piscina, salão para conferências científicas. E cuidaremos do Estado Técnico.
Precisamos louvar o Brasil!
Não é só um país sem igual. Nossas revoluções são bem maiores do que quaisquer outras; nossos erros também. E nossas virtudes? A terra das sublimes paixões...os Amazonas inenarráveis... os incríveis João-Pessoas...
Precisamos adorar o Brasil!
Se bem que seja difícil caber tanto oceano e tanta solidão no pobre coração já cheio de compromissos... se bem que seja difícil compreender o que querem esses homens, por que motivo eles se ajuntaram e qual a razão de seus sofrimentos.
Precisamos, precisamos esquecer o Brasil!
Tão majestoso, tão sem limites, tão despropositado, ele quer repousar de nossos terríveis carinhos.
O Brasil não nos quer! Está farto de nós! Nosso Brasil é no outro mundo.
Este não é o Brasil. Nenhum Brasil existe. E acaso existirão os brasileiros?

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Ausência (Vinícius de Moraes)


Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos... que são doces.

Porque nada te poderei dar, senão a mágoa de me veres eternamente exausto.

No entanto, a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida!

E eu sinto que em meu gesto, existe o teu gesto, e em minha voz, a tua voz.

Não te quero ter, porque em meu ser, tudo estaria terminado.

Quero só que surjas em mim, como a fé nos desesperados.

Para que eu possa levar uma gota de orvalho, nesta terra amaldiçoada.

Que ficou sobre a minha carne, como nódoa do passado.

Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face, em outra face.

Teus dedos, enlaçarão outros dedos, e tu desabrocharás para a madrugada.

Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite.

Porque eu encostei minha face, na face da noite, e ouvi a tua fala amorosa.

Porque meus dedos, enlaçaram os dedos da névoa, suspensos no espaço.

E eu trouxe até mim, a misteriosa essência do teu abandono desordenado.

Eu ficarei só, como os veleiros, nos pontos silenciosos.

Mas eu te possuirei como ninguém, porque poderei partir.

E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas...

Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Indiferença (Daniela Costa)


Quando caí em mim mesma, e me enxerguei por inteira,
senti que uma dor profunda dilacerava o meu coração,
pois percebi todas as minhas falhas e fraquezas.
Constatei que, na ânsia de controlar o mundo,
não conseguia dominar nem a mim a mesma.
Minha alma se contorceu, se quebrou, e se desfez, pouco a pouco...
em meio a tantas angústias, e a tantas frustrações!
Descobri que para conquistar o mundo, teria primeiro que conquistar e respeitar a mim mesma.
Percebi também, que não era usando uma couraça de arrogância e agressividade,
que iria conseguir o respeito, e principalmente, o carinho das pessoas.
Quando eu imaginava que seguia em frente,
verifiquei que caminhava para trás, em um retrocesso constante...
e em plena decadência!
Meus conceitos, minhas exigências, minha imprudência, minha intolerância...
Não me permitiam ver o mal que tenho feito aos outros, e a mim mesma.
Quantas palavras mal ditas, quantos corações magoados.
Quantas pedras atiradas em alvos inocentes.
Quanta ignorância, ao pensar que aos berros, conquistaria a atenção de alguém.
O que consegui, foram apenas olhares de reprovação, daqueles que não tiveram a oportunidade nem mesmo de me orientar.
Quanto tempo desperdiçado, e quantas pessoas deixadas para trás,
perdidas na névoa do passado, em meio aos meus atos impensados!
E quanta tristeza senti, ao observar que minha colheita não poderia ser próspera, pois havia plantado...

Apenas indiferença!


quarta-feira, 6 de maio de 2009

Pense Diferente (Flávio Penna)


2009 está aí. Tem, como os outros anos, 365 dias. Aliás, os cientistas deram a ele um segundo a mais, o que significa que você terá mais tempo para realizar, em 2009, todos os seus sonhos e projetos.
Mas eu no seu lugar, não estenderia muito esta lista de propósitos. Faria apenas um compromisso. Um apenas para ter a certeza de que poderei me dedicar inteiramente a ele. Eu assumiria o compromisso de, em 2009, ser feliz.
É claro que emagrecer será muito bom, mas se não conseguir, vou ser feliz com os quilinhos a mais. O carro, a casa, o emprego melhor, tudo, se virar realidade, ótimo. Se não, vou ser feliz assim mesmo. Afinal, estou atrás de tudo isto a minha vida toda e não será, por não ter conseguido realizar tudo num ano, que vou me sentir infeliz, frustrado.
Alguém, não sei quem (são muitas pessoas falando muitas coisas), disse que tem mais presença em nós aquilo que nos falta. Se bem entendi, ele está chamando a atenção para a mania que temos de pensar muito mais no que não temos, do que naquilo que temos.
No ano novo, pense diferente. Valorize tudo o que você tem. Tudo mesmo, material e imaterial. Assim, se nos 365 dias, quatro horas e um segundo de 2009, houver perdas, e elas são inevitáveis, você poderá, mesmo assim ser feliz. Feliz por ter sido feliz com aquilo que Deus (se você acredita nele) ou o destino (se você acredita nele), lhe deu.
Enfim, seja feliz mesmo. Não se prenda ao que apenas lhe dá felicidade momentânea. Esta história de que felicidade não é algo contínuo, é papo furado de quem não se anima a ir atrás dela, se agarrando ao que lhe faz feliz no momento. Bom, mas esta é uma discussão complicada e se você, em 2009, quer só viver feliz, vá em frente. É o seu projeto.
Agora, se você quer ser feliz, neste ano que começa e nos que virão, faça o propósito, único, de ser feliz. Com certeza você vai conseguir realizar cada um de seus sonhos. Se alguns deles forem impossíveis na sua cabeça, faça uma troca. Coloque outro no lugar e esqueça aquele.
Quando você virar a folha do calendário, pense apenas no que conseguiu realizar na folhinha virada. Não lamente o que não conseguiu. Pelo menos no calendário, é vida nova. Viva esta vida intensamente.
Estou torcendo para que todos os bons “dades” acompanhem você no ano que começa:
Tenha liberdade. Dignidade. Capacidade. Lealdade. Mais idade. Autoridade. Simplicidade. Vaidade. Validade. Identidade. Humildade. Prosperidade. E por que não saudade, que é lembrança de coisa boa que vivemos.

Felicidades.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Limitações - (Fernando Pessoa)




Onde você vê um obstáculo,

alguém vê o término da viagem,

e o outro, vê uma chance de crescer.

Onde você vê um motivo pra se irritar,

alguém vê a tragédia total,

e o outro, vê uma prova para sua paciência.

Onde você vê a morte,

alguém vê o fim,

e o outro, vê o começo de uma nova etapa.

Onde você vê a fortuna,

alguém vê a riqueza material,

e o outro, pode encontrar por trás de tudo,

a dor e a miséria total.

Onde você vê a teimosia,

alguém vê a ignorância,

e um outro, compreende as limitações do companheiro,

percebendo que cada qual caminha em seu próprio passo.

E que é inútil querer apressar o passo do outro,

a não ser que ele deseje isso.

Cada qual vê o que quer, pode ou consegue enxergar.

Porque eu sou do tamanho do que vejo,

e não do tamanho da minha altura.