Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos... que são doces.
Porque nada te poderei dar, senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto, a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida!
E eu sinto que em meu gesto, existe o teu gesto, e em minha voz, a tua voz.
Não te quero ter, porque em meu ser, tudo estaria terminado.
Quero só que surjas em mim, como a fé nos desesperados.
Para que eu possa levar uma gota de orvalho, nesta terra amaldiçoada.
Que ficou sobre a minha carne, como nódoa do passado.
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face, em outra face.
Teus dedos, enlaçarão outros dedos, e tu desabrocharás para a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite.
Porque eu encostei minha face, na face da noite, e ouvi a tua fala amorosa.
Porque meus dedos, enlaçaram os dedos da névoa, suspensos no espaço.
E eu trouxe até mim, a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só, como os veleiros, nos pontos silenciosos.
Mas eu te possuirei como ninguém, porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas...
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.