quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Super Homem


Ser um super homem não é tarefa fácil,

mas também, não é tão impossível assim.
Porque super homem, é aquele que consegue enxergar
uma lágrima em um olhar...
Um lamento em um sorriso.
Super homem, é aquele que consegue ler nas entrelinhas...
E se torna um porto seguro quando tudo parece desabar.
É aquele, que entende a importância do silêncio...
e sabe as conseqüências das palavras.
Que aprecia a emoção de um sorriso,
e o aconchego de um forte abraço.
Super homem, é aquele que sabe o poder da sua força,
e a utiliza para vencer seus próprios medos e inseguranças.

Porque ele sabe que está longe de ser invencível,
mas é mutável, e pode se aprimorar cada vez mais, a cada dia que se passa.
Por isso, ele aprende com o passado,
e programa o futuro com sua visão de raio x.
Mas, é no presente, com pequenas, mas importantes atitudes,
que constrói a sua vida.
Que cada um possa descobrir o super homem que existe dentro de si mesmo.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

"BBB 11" - Luiz Fernando Veríssimo


Que me perdoem os ávidos telespectadores do Big Brother Brasil (BBB), produzido e organizado pela nossa distinta Rede Globo, mas conseguimos chegar ao fundo do poço.
A décima primeira (está indo longe!) edição do BBB é uma síntese do que há de pior na TV brasileira. Chega a ser difícil, encontrar as palavras adequadas para qualificar tamanho atentado à nossa modesta inteligência.

Dizem que Roma, um dos maiores impérios que o mundo conheceu, teve seu fim marcado pela depravação dos valores morais do seu povo, principalmente pela banalização do sexo.
O BBB 11 é a pura e suprema banalização do sexo. Impossível assistir, ver este programa ao lado dos filhos. Gays, lésbicas, heteros... todos na mesma casa, a casa dos “heróis”, como são chamados por Pedro Bial.
Não tenho nada contra gays, acho que cada um faz da vida o que quer, mas sou contra safadeza ao vivo na TV, seja entre homossexuais ou heterosexuais. O BBB 11 é a realidade em busca do IBOPE.
Veja como Pedro Bial tratou os participantes do BBB 11. Ele prometeu um “zoológico humano divertido” . Não sei se será divertido, mas parece bem variado na sua mistura de clichês e figuras típicas.
Se entendi corretamente as apresentações, são 15 os “animais” do “zoológico”: o judeu tarado, o gay afeminado, a dentista gostosa, o negro com suingue, a nerd tímida, a gostosa com bundão, a “não sou piranha mas não sou santa”, o modelo Mr. Maringá, a lésbica convicta, a DJ intelectual, o carioca marrento, o maquiador drag-queen e a PM que gosta de apanhar (essa é para acabar!!!).
Pergunto-me, por exemplo, como um jornalista, documentarista e escritor como Pedro Bial que, faça-se justiça, cobriu a Queda do Muro de Berlim, se submete a ser apresentador de um programa desse nível. Em um e-mail que recebi há pouco tempo, Bial escreve maravilhosamente bem sobre a perda do humorista Bussunda referindo-se à pena de se morrer tão cedo. Eu gostaria de perguntar se ele não pensa que esse programa é a morte da cultura, de valores e princípios, da moral, da ética e da dignidade.
Outro dia, durante o intervalo de uma programação da Globo, um outro repórter acéfalo do BBB disse que, para ganhar o prêmio de um milhão e meio de reais, um Big Brother tem um caminho árduo pela frente, chamando-os de heróis. Caminho árduo? Heróis?
São esses nossos exemplos de heróis?
Caminho árduo para mim é aquele percorrido por milhões de brasileiros, profissionais da saúde, professores da rede pública (aliás, todos os professores), carteiros, lixeiros e tantos outros trabalhadores incansáveis que, diariamente, passam horas exercendo suas funções com dedicação, competência e amor, quase sempre mal remunerados.
Heróis, são milhares de brasileiros que sequer têm um prato de comida por dia e um colchão decente para dormir e conseguem sobreviver a isso, todo santo dia.
Heróis, são crianças e adultos que lutam contra doenças complicadíssimas porque não tiveram chance de ter uma vida mais saudável e digna.
Heróis, são inúmeras pessoas, entidades sociais e beneficentes, ONGs, voluntários, igrejas e hospitais que se dedicam ao cuidado de carentes, doentes e necessitados (vamos lembrar de nossa eterna heroína, Zilda Arns).
Heróis, são aqueles que, apesar de ganharem um salário mínimo, pagam suas contas, restando apenas dezesseis reais para alimentação, como mostrado em outra reportagem apresentada meses atrás pela própria Rede Globo.
O Big Brother Brasil não é um programa cultural, nem educativo, não acrescenta informações e conhecimentos intelectuais aos telespectadores, nem aos participantes, e não há qualquer outro estímulo como, por exemplo, o incentivo ao esporte, à música, à criatividade ou ao ensino de conceitos como valor, ética, trabalho e moral.
E ai vem algum psicólogo de vanguarda e me diz que o BBB ajuda a "entender o comportamento humano". Ah, tenha dó!!
Veja o que está por de tra$$$$$$$$$$$$$$$$ do BBB: José Neumani da Rádio Jovem Pan, fez um cálculo de que se vinte e nove milhões de pessoas ligarem a cada paredão, com o custo da ligação a trinta centavos, a Rede Globo e a Telefônica arrecadam oito milhões e setecentos mil reais. Eu vou repetir: oito milhões e setecentos mil reais a cada paredão.
Já imaginaram quanto poderia ser feito com essa quantia se fosse dedicada a programas de inclusão social, moradia, alimentação, ensino e saúde de muitos brasileiros?
(Poderia ser feito mais de 520 casas populares; ou comprar mais de 5.000 computadores!)
Essas palavras não são de revolta ou protesto, mas de vergonha e indignação, por ver tamanha aberração ter milhões de telespectadores.
Em vez de assistir ao BBB, que tal ler um livro, um poema de Mário Quintana ou de Neruda ou qualquer outra coisa..., ir ao cinema..., estudar... , ouvir boa música..., cuidar das flores e jardins... , telefonar para um amigo... , visitar os avós... , pescar..., brincar com as crianças... , namorar... ou simplesmente dormir.
Assistir ao BBB é ajudar a Globo a ganhar rios de dinheiro e destruir o que ainda resta dos valores sobre os quais foi construída nossa sociedade.



segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Leão dono de circo - Gustavo Dias



Meu peito arde
arde sem respeito.
Arde a ilusão que sopra, enquanto
cubro meu espanto
e me deito
a sonhar
beijos invisíveis e noites
recortadas; navios piratas.
Arde, agora (sempre), meu corpo;
mão que não toca a tua
boca
isenta de meu beijo. Assim, invento-te
assim, corrompo
o tempo e engano a mim mesmo.
Engano, mas te vivo a meu modo:
irreal e submisso; leão dono de circo clandestino.
Arde, arde esse silêncio
que grita
clichês poéticos
vozes patéticas a ganhar forma, vida
e morte;
vozes que não existem, nada existe
senão essa vontade de voz
que persiste
- deixada à própria sorte –
em ser algo: trincheira, poema,
talvez
faísca leve sob a chuva noturna.






sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Hoje

Hoje sinto vontade de colocar no papel aquilo que meus lábios não ousam dizer.
Com a caneta na mão perco o medo de relembrar o que muitas vezes gostaria de esquecer.
Ainda exito em borrar a folha em branco, mas aos poucos percebo que nas entrelinhas está sendo escrita a história da minha vida.
Assim, vou descobrindo os pequenos milagres que muitas vezes mudaram o curso do meu destino.
Dias acinzentados que ficaram para trás...
Noites frias que ainda estão por vir...
Mas, não serão estes contrastes que nos impulsionam a viver?
Paixões que se foram como folhas secas ao vento; amizades conquistadas nos servindo de alento.
Alegria, dor, solidão, amor...
Cada um protagonizando sua própria história em roteiros inesperados, às vezes, desesperados, e com uma única certeza:
tudo acontece a seu tempo.
Alguns seguem recolhendo os pedaços de si mesmos.
Outros buscam o segredo do cofre da felicidade.
Muitos usam a máscara da falsidade para camuflar a peste do preconceito. Como se fosse possível não refletir na face aquilo que se leva no coração.
Mas seja com passos firmes, ou aos tropeços, sinto que cada dia é um novo recomeço, uma nova possibilidade.
Porque a vitória não é dos que não sofrem, mas sim daqueles que aprendem a conviver com a dor.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Meu nome é mulher! (Autor desconhecido)


 Eu era a Eva
Criada para a felicidade de Adão
Mais tarde fui Maria
Dando à luz aquele
Que traria a salvação
Mas isso não bastaria
Para eu encontrar perdão.
Passei a ser Amélia
A mulher de verdade
Para a sociedade
Não tinha a menor vaidade
Mas sonhava com a igualdade.
Muito tempo depois decidi:
Não dá mais!
Quero minha dignidade
Tenho meus ideais!
Hoje não sou só esposa ou filha
Sou pai, mãe, arrimo de família
Sou caminhoneira, taxista,
Piloto de avião, policial feminina,
Operária em construção...
Ao
mundo peço licença
Para atuar onde quiser
Meu sobrenome é COMPETÊNCIA
E meu nome é MULHER..!!!!

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Passo a passo


Passo a passo percorro as trilhas do tempo desviando das pedras, galhos, armadilhas...

Sobrevivendo a mim mesmo; dia a dia.

Suportanto as afrontas, contendo desejos, domando as ilusões...

Seguindo em frente, arrombando alguns portões, pois, se a porta se fecha, empena,

procuro outros caminhos... novas descobertas.

Enfrento o medo, desvendo os segredos, escrevo minha história nas páginas brancas da imaginação.

E se isso não bastar, recomeço do zero, reconstruo meu castelo, escolho o meridiano perfeito, mesmo sem jeito, sem receita, tento vencer alguns preconceitos.

Caminho sobre os trilhos inconstantes da vaidade, da ilusão, buscando não me ajustar ao padrão, não me tornar mais um em um milhão.

Mas não, não quero apenas ser diferente, quero na verdade aprender a ser gente, a cultivar em mim o que realmente importa, meus valores, minhas crenças, minha fé, e satisfazer minha fome de saber para pouco a pouco aprender o verdadeiro significado de viver!





sábado, 10 de abril de 2010

Nem tudo está perdido


Mesmo que as nuvens repentinamente se tornem negras,

e que o vento assustadoramente se torne voraz,
varrendo todas as nossas esperanças;

nem tudo estará perdido!

Mesmo que o frio congele nossas emoções;

que a tristeza rasgue nossos corações;

que o vazio se instale em nós e destrua nossas ilusões;

nem tudo estará perdido!

E se a porta bruscamente se fechar,

se o sorriso dolorosamente se apagar,

se o abraço acolhedor lhe escapar,

nem mesmo assim, tudo estará perdido!

Mesmo que esteja caindo e no chão se encontrar;

que por um instante pense em desanimar;

que no peito sinta a vontade de não mais lutar;

nem tudo estará perdido!

E se o sol não mais brilhar;

se a chuva a sua alma não lavar;

se o desejo não mais desejar;

nem tudo estará perdido!

Pois, quando a brisa levemente o seu rosto roçar;

e a música suavemente seu sofrimento acalentar;

uma mão amiga gentilmente irá lhe amparar.

Porque na vida tudo é transitório, passageiro;

e passageiros somos deste trem desenfreado;

cada um em sua poltrona, ocupando a sua posição;

fazendo o que deve ser feito;

e estando errado ou direito;

o filme tem que continuar;

o trem não pode parar;

a vida sempre será infinita!



sexta-feira, 9 de abril de 2010

Problemas


Quem pode dizer que não se assusta,

se aflige, ou se preocupa,

diante de algo inusitado e desesperador?

Um frio na barriga de pronto aparece,

a vontade de fugir, para ver se tudo aquilo se esquece,

mas, "o problema" continua ali, e logo, logo, acontece.

As noites de sono desaparecem;

A angústia se instala e nos enlouquece;

O desejo de sumir permanece;

Mas, "o problema", continua ali, e logo, logo, acontece.

Aos poucos, em um breve momento de sanidade, nos conscientizamos que correr,

nada vai resolver.

Instintivamente percebemos que "o jeito" é tentar vencer;

Vencer o medo, a insegurança, a desilusão, e até mesmo a solidão.

Criar coragem, mesmo que para isto tenhamos que buscá-la nas profundezas do nosso coração.

Porque "o problema" continua ali, mas...

Sua solução, pode estar em suas mãos!

domingo, 7 de março de 2010

O Inusitado


Ao longo da vida descobrimos que querer, nem sempre é poder.
O desenrolar dos acontecimentos, de uma forma sutil ou até mesmo drástica, acaba nos mostrando que o tempo do destino, quase nunca, está conectado ao nosso tempo interior.
Isto significa que o que desejamos hoje, pode acontecer amanhã, ou depois, ou depois... ou... nunca se realizar. O que inclui desejar aquela pessoa especial, ou um novo trabalho, um novo par de tênis...
No entanto não podemos esquecer que no cassino da vida as apostas também são altas e os ganhos, quase sempre incertos.
Realidade frustrante? depende do ponto de vista de cada um. Afinal, sem desejos, sonhos, ilusões, o mundo não teria cores, a emoção não inflaria nossos pulmões, os corações não bateriam tão forte e aceleradamente quando descobrissem o amor.
A meu ver, precisamos fantasiar para suportar as decepções do dia-a-dia.
Entretanto, devemos nos lembrar que tudo leva tempo e exercitar nossa paciência é um fator primordial. Perceber que nada é definitivo e que para tudo sempre haverá uma solução é essencial para se granjear vitórias.
O que ocorre é que esta solução pode não ser a que nós esperávamos, e geralmente não acontece como gostaríamos. E isso é maravilhoso!
Significa que a vida é cheia de surpresas, imprevistos, e que definitivamente não possuímos o controle sobre tudo, às vezes, nem sobre nós mesmos, e isto nos abre as portas para o casual, o inusitado. Assim, podemos ser surpreendidos a qualquer momento, em qualquer época, o que poderá nos deixar felizes... ou não.
Tudo dependerá dos acontecimentos.
Claro que não seguiremos como um tronco lançado em uma correnteza desenfreada. Tentaremos sempre ter as margens do rio como referência. Continuaremos com nossos planos, almejaremos conquistas, mas o diferencial estará em como lidaremos com nossas frustrações.
Podemos desistir e acumularmos fracassos, ou manter vivo o querer, mesmo correndo o risco de ele nunca acontecer.
Porque o que importa mesmo é saber que o resultado em si não significa que chegamos ao àpice ou ao ponto final, e que esta não é a parte mais interessante, pois, como os moinhos são movidos pelo vento, nós somos movidos pelas emoções e são elas que fazem valer a pena viver. Sentirmos nossas mãos suadas, nossa respiração ofegante, o coração descompassado diante de uma nova conquista, é simplesmente emocionante.
Com o tempo nos damos conta de que desejo e paciência andam sempre de mãos dadas, e que este é um dos grandes segredos para alcançarmos o sucesso.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Inferno Astral


Existem momentos em nossas vidas que parece existir uma conspiração astral contra nós. É quando um verdadeiro inferno se instala em nosso ser. Será falta de Deus, de fé, amor? Não sei. A realidade é que nada consegue afastar das nossas mentes e coração a sensação de insatisfação, raiva, angústia e depressão. O vazio e a solidão se instalam pouco a pouco, dominando nossos sentimentos. Neste instante, nossos valores e crenças parecem se distanciar de nossa realidade. Parece até que ficamos paralisados, esperando um milagre que nos arrebate desta apatia. E o desalento continua, o desejo de que tudo seja diferente também. Quem sabe se pudéssemos viver uma outra vida, com outras pessoas, outra história, onde tudo seria cor-de-rosa? Mas a realidade é "nua e crua", e , na maioria das vezes, é sarcástica.

As pessoas talvez possam ser a solução, mas e quando ninguém, além de você mesmo, está interessado em seus problemas, afinal, já bastam as mazelas de cada um.

A sensação de desencanto, de morte súbita da esperança, é como um trem desgovernado indo de encontro ao fim. Mas para muitos, o fim é o recomeço, e até nisso existem controvérsias. O mundo é um paradoxo infindável. Tantas diferenças, tantas atrocidades, desigualdades, que se manter feliz é tarefa hérculea. Para muitos ela está nos bens materiais, na beleza, no status social, mas, para mim, ela poderia ser resumida no amor, ou na falta dele. No amor que se recebe, ou não; que se doa, ou não; tarefa ainda mais difícil, é não deixar que este sentimento se perca em meio às tribulações mundanas. Entretanto, só nos restam duas opções: desistir ou continuar. Vencer os obstáculos, vencendo primeiramente a nós mesmos, ou ....

Mais uma vez a escolha é nossa, e como tudo na vida, em qualquer das opções a batalha é certa e a vitória? será sempre uma incógnita.

domingo, 15 de novembro de 2009

O mundo da imaginação


Às vezes me pergunto qual o limite entre a razão e a ilusão?
Nos sinuosos caminhos da vida existem momentos em que sentimos necessidade de nos abstraírmos do mundo real para viver em um mundo paralelo , dentro da nossa imaginação.
Quando crianças vivemos fantasiando, criando amigos imaginários, tentando contradizer a realidade do nosso dia-a-dia. E é daí que surgem as princesas, os príncipes encantados, os astros de cinema; afinal, neste mundo só nosso, podemos ser o que quisermos.
E certamente se engana aquele que acredita que os adultos não vivem neste mundo de ilusões. Ou será que assim como a inocência, a irresponsabilidade, a despreocupação; quando maduros, temos que perder também nossa imaginação, nossos sonhos, desejos - por mais absurdos que sejam - para viver somente a dura vida real?
E como é bom criar! Saber que o nosso pensamento é livre e que para ele não existem barreiras físicas, distância, diferenças sociais, preconceito... Enfim, não há limites quando o assunto é fantasiar. Então se utilize desta poderosa arma para viajar!
Já não é mais uma criança? E daí. A boa notícia é que para sonhar também não existe idade. E a mente só envelhece, se você não exercitá-la.
Entregue-se a esse delicioso devaneio interior e se permita percorrer trajetos desconhecidos, enbrenhando-se em locais jamais visitados e criando o seu mundo ideal.
E não importa se o que te faz feliz é ser um pop star - que seja - não custa nada imaginar. Se está à procura de uma ilha perdida, um paraíso encantado, feche os olhos e se sinta lá. Ou se a sua busca é por um amor perfeito, apenas use sua imaginação. Nela não existem diferenças e o passeio é gratuito.
Loucura? Não. Seríamos loucos se nos dedicássemos apenas a viver as agruras da realidade. Nela estaremos sempre condicionados aos acontecimentos, pessoas, ao governo; à mídia, às nossas necessidades pessoais e às dos outros. E por mais que tenhamos a vaga sensação de controle, seremos direcionados.
Então,vouala! Entregue-se à flânerie e perca-se no mundo da ilusão. Pois somente nele, você possui o controle sobre a situação.
Afinal, o seu pensamento é a única coisa que ninguém pode dominar
!

sábado, 29 de agosto de 2009

QUISERA


Quisera eu ser um PáSsArO,
Ou simplesmente uma PoEiRa...
Ser um astronauta, ou uma EStReLa.
Quisera ser a lua, NuA...
Ser o sol, QuEnTe...
Ser uma flor, ser GeNtE.
Ser grande, forte, PrUdEnTe.
Quisera ser ágil, astuta, como uma SeRpEnTe!
Ser capaz de estilhaçar as regras, os códigos, CoNcEiToS.
Poder ser tudo o que a minha mente dEsEjAr,
E fazer nada que ao meu coração venha CoNtRaRiAr.
Porque mesmo que machuquem minha AlMa,
E meu corpo tentem aPrIsIoNaR,
Jamais conseguirão os meus pensamentos...

DoMaR!

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Deixe entrar sem bater ( Sandra Paixão)


Deixe entrar sem bater meu caro amigo, os homens que morrem de frio, mais por falta de amor, do que por falta de agasalhos...
Deixe entrar sem bater, os que perderam o rumo nos trilhos complicados da existência. Talvez achem no céu do seu abraço, a estrela de Belém...
Deixe entrar sem bater, os que têm fome, mais de carinho, do que de pão, e reparta com eles o seu carinho que vale mais, do que o seu dinheiro.
Deixe entrar sem bater, os que chegam a pé, empoeirados e cansados, porque a passagem do destino era cara demais, e ninguém lhes pagou nem sequer um bilhete de terceira classe, no trem da felicidade...
Deixe entrar sem bater, os que nasceram a contragosto, porque a pílula falhou, e só foram recebidos porque não havia outro jeito...
Deixe entrar sem bater, os enjeitados no princípio: filhos de mães solteiras e do prazer criminoso e egoísta dos homens.
Deixe entrar sem bater, os enjeitados no fim: os idosos que deram tudo de si, que perderam as pétalas da vida em benefício dos outros, de seus filhos, e agora, são deixados de lado para murchar nos fundos dos asilos.
Deixe entrar como se fossem deles, aqueles que não tiveram tempo de ser criança, porque a vida lhes pôs uma enxada nas mãos, quando devia por nelas, algum brinquedo. Os que nunca tiveram sorrisos em seus lábios, porque a lágrima chegava sempre em primeiro lugar...
Deixe entrar sem bater, todos estes, sem temer que falte espaço, porque em um coração com amor, sempre cabe mais um, e até mais mil...
E depois que tiver a sala do peito lotada de infelizes, aleijados e famintos, você vai ter, amigo, a maior das surpresas, ao ver que a face torturada de tantos, se transforma de repente, no rosto iluminado e sorridente do Mestre Jesus, falando só pra você:

“Meu caro amigo, agora, é a sua vez de entrar”.
Pode entrar sem bater, porque a casa é sua!

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Declaração de Amor (Luís Fernando Veríssimo)


Tentei dizer quanto te amava, aquela vez, baixinho, mas havia um grande berreiro, um enorme burburinho e, pensando bem, o berçário não era o melhor lugar.

Você de fraldas, uma graça, e eu pelado lado a lado, cada um recém-chegado, você sem saber ouvir, eu sem saber falar.

Tentei de novo, lembro bem, na escola. Um PS no bilhete pedindo cola interceptado pela professora como um gavião. Fui parar na sala da diretora e depois na rua enquanto você, compreensivelmente, ficou na sua. A vida é curta, longa é a paixão.
Numa festinha, ah, nossas festinhas, disse tudo: “Eu te adoro, te venero, na tua frente fico mudo”. E você não disse nada. E você não disse nada... Só mais tarde, de ressaca, atinei. Cheio de amor e cuba, me enganei e disse tudo para uma almofada.

Gravei, em vinte árvores, quarenta corações. O teu nome, o meu, flechas e palpitações: No mal-me-quer, bem-me-quer, dizimei jardins. Resultado: sou persona pouco grata corrido a gritos de “Mata! Mata!”por conservacionistas, ecólogos e afins.

Recorri, em desespero, ao gesto obsoleto: “Se não me segurarem faço um soneto”. E não é que fiz, e até com boas rimas? Você não leu, e nem sequer ficou sabendo. Continuo inédito e por teu amor sofrendo. Mas fui premiado num concurso em Minas.

Comecei a escrever com pincel e pichei um muro branco, o asseio que se lixe, todo o meu amor para a tua ciência. Fui preso, aos socos, e fichado. Dias e mais dias interrogado: era PC, PC do B ou alguma dissidência?

Te escrevi com lágrimas , sangue, suor e mel (você devia ver o estado do papel) uma carta longa, linda e passional. De resposta nem uma cartinha, nem um cartão, nem uma linha! Vá se confiar no Correio Nacional.

Com uma serenata, sim, uma serenata como nos tempos da Cabocla Ingrata me declararia, respeitando a métrica. Ardor, tenor, a calçada enluarada… havia tudo sob a tua sacada menos tomada pra guitarra elétrica.

Decidi, então, botar a maior banca e no céu escrever com fumaça branca:“Te amo, assinado..” e meu nome bem legível. Já tinha avião, coragem, brevê, tudo para impressionar você, mas veio a crise, faltou o combustível.

Ontem você me emprestou seu ouvido e na discoteca, em meio do alarido,despejei meu coração. Falei da devoção há anos entalada e você disse: “Eu não escuto nada”. Curta é a vida, longa é a paixão.

Na velhice, num asilo, lado a lado em meio a um silêncio abençoado direi o que sinto, meu bem. O meu único medo é que então empinando a orelha com a mão você me responda só: “Hein?”

sábado, 4 de julho de 2009

Intocáveis e Invencíveis ( Nelson Motta)


Não tenho mais nenhuma ilusão de um dia ver algum desses criminosos travestidos de parlamentares atrás das grades e devolvendo o que nos roubou. Eles são muitos, e invencíveis. Sob fogo cruzado de denúncias , juntam-se para se defender, como fizeram PT e PMDB no Senado, embora digam sempre que é pela instituição, a mesma que eles aviltam e apequenam com seus atos.
O dinheiro roubado de nossos impostos, teoricamente, pode até ser recuperado, mas o crime de desmoralizar uma instituição não tem preço.O que nos resta? Confiar na Justiça? Na Polícia? No ladrão? Com Sarney e Renam comandando o Senado e 'espantados' com a descoberta das 181 diretorias? A maior parte foi criada pelos dois. O resto, por Jader Barbalho, ACM e Lobão. E pior. Foram criadas por resoluções da Mesa e ninguém reclamou. E mesmo se reclamasse não adiantaria nada. Tudo dentro da Lei, na liturgia do cargo.
Seria um exagero comparar as disputas pelo poder no Congresso com as guerras de quadrilhas pelos pontos de venda de drogas nas favelas cariocas? Só porque uns vendem crack e cocaína e outros, privilégios e ilegalidades? Guerra é guerra, vale tudo na disputa pelos pontos de poder. Se um tiroteio é de balas, o outro é de números e nomes; mas sempre sobram balas perdidas. Mas, quando o cerco aperta, os dois bandos acertam um armistício: o verdadeiro inimigo é a Polícia. Ou, no caso do Senado, a opinião pública. Porque eles não temem a polícia. Nem à justiça. Eles só tem medo de perder eleição.
Diante do pacto de não agressão entre os dois bandos, resta-nos confiar nos ódios, nas invejas e nos ressentimentos das legiões de apadrinhados que estão perdendo a boca e se vingando de seus traidores. Que muitas falas perdidas encontrem seus alvos.
Diante da certeza de que eles vencerão, que jamais pagarão por seus crimes, que continuarão ricos e corruptos, e até mesmo respeitáveis, resta-nos ridicularizar suas figuras toscas, seus figurinos grotescos, seus cabelos tingidos, suas caras botocadas. Para que suas esposas e amantes leiam, e seus filhos se envergonhem deles no colégio.
Como nós nos envergonhamos todos os dias!

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Dá-me a tua mão (Clarice Lispector)


Dá-me a tua mão: Vou agora te contar como entrei no inexpressivo que sempre foi a minha busca cega e secreta. De como entrei naquilo que existe entre o número um e o número dois, de como vi a linha de mistério e fogo, e que é linha sub-reptícia. Entre duas notas de música existe uma nota, entre dois fatos existe um fato, entre dois grãos de areia por mais juntos que estejam existe um intervalo de espaço, existe um sentir que é entre o sentir - nos interstícios da matéria primordial está a linha de mistério e fogo que é a respiração do mundo, e a respiração contínua do mundo é aquilo que ouvimos e chamamos de silêncio.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Direito de quê mesmo, "esselênsias"? (Flávio Penna)


O Supremo Tribunal Federal decidiu pela desnecessidade do diploma de jornalismo para o exercício da profissão. Até pode ser uma decisão sábia, mas não pelas razões apontadas pelo ministro relator. O voto do controvertido ministro Gilmar Mendes demonstra que não apenas os bons jornalistas se formam nas escolas. Os juristas também não se formam nos bancos escolares.
Desregulamentar o exercício profissional é uma questão ideológica. Pode-se discutir se o Estado deve ou não ser cartorial, com braços longos a controlar tudo, a regulamentar tudo. Essa poderia até ser uma discussão que levaria ao fim da exigência de diplomas para vários cursos, inclusive aí o de jornalismo.
Conhecer Direito, por exemplo, não exige que se freqüente bancos de escola. Tanto é verdade, que não é exigido diploma de formação jurídica a um candidato a ministro da Suprema Corte. Exige-se que tenha “notório saber”, não diploma. Por qual razão se exigir registro em conselho profissional de quem, por exemplo, assina um balanço financeiro de empresa com ações na Bolsa de Valores? Ou diploma de engenheiro para que seja autorizada a construção de uma pequena casa, que um bom mestre-de-obras pode realizar, sem riscos?
São alguns dos exemplos que poderiam dar espaço para uma grande discussão, envolvendo a necessidade ou não de diploma de nível superior. Há muito material para sustentar discussões sobre regulamentação ou não de profissão. Inclusive, na área de jornalismo. No caso do diploma de jornalista, “esselênsias”, o que não dá para aceitar é o argumento de que não se pode exigir a qualificação como pressuposto para o exercício da profissão, em nome da liberdade de expressão. Exigir, como alega sua “esselência” presidente, seria impor censura prévia.
Então, “esselências”, os senhores deveriam ter decidido também que, a partir de agora, todos os jornais e todas as emissoras de rádio e televisão devem abrir espaços para que qualquer um manifeste o seu pensamento. Se não abrirem, estarão exercendo censura prévia, impedindo que os cidadãos possam manifestar livremente o seu pensamento.
Com todo o respeito que as “esselências” do Supremo Tribunal Federal possam merecer, estes são argumentos risíveis.
O jornalista, “esselênsias”, quando reporta ao leitor, ao ouvinte, ao telespectador, que ministros ficam trocando e-mail durante uma sessão do tribunal, enquanto um deles lê um voto que pode ser o condutor de um julgamento; ou quando reporta que um ministro tem seus interesses na área de ensino, ou se comporta como um “velho coronel” em sua terra; ou ainda quando noticia que uma mãe matou a filha, não está, certamente, usando de seu constitucional direito de livre manifestação de pensamento. Está, profissionalmente, relatando fatos para a sociedade.
Raramente uma matéria jornalística contém manifestações de pensamento de seu autor. A opinião em relação a situações e fatos é, normalmente, dos veículos e é manifestada por meio de editorial.
Nem mesmo os colunistas, aqueles que têm espaço próprio nos veículos para escrever ou falar sobre assuntos diversos, pode-se dizer que estão exercendo direito de opinião. Na prática, estão, sim, exercendo a obrigação de emitirem suas opiniões, pois são pagos para isto. Claro que manifestam o que pensam, que têm liberdade. Mas sabemos, todos, que esta liberdade tem um limite, mais amplos em alguns, mais estreitos em outros. E estes limites, bem sabem “vossas esselênsias”, não estão sujeitos a controles jurisdicionais.
Então, senhores e também senhoras – para ser politicamente corretos -, tratem de sustentar seus votos em outros princípios. Se querem atender a este ou aquele interesse, que o façam, mas que apresentem outras razões.
Se estão mesmo convictos de que a desregulamentação deve acontecer, iniciemos logo a tarefa. Há, realmente, muito a ser mudado. Por exemplo, a vitaliciedade das “esselências”. Não se pode justificar a vitaliciedade com a necessidade de dar-se ao julgador segurança e independência e autonomia. Tudo isto, “esselênsias”, é uma questão de caráter, certamente não de salários elevados ou estabilidade no cargo. Por que não se discutir mandatos para ministros dos tribunais, ou para desembargadores? Esta não poderia ser uma forma de oxigenar o pensamento do Judiciário?
Como podem ver, “esselênsias”, a sociedade tem muito a discutir. Mas é preciso que as discussões se dêem de forma mais imparcial. Sobre pressupostos reais. Que suas “esselênsias” se preparem melhor para os próximos embates. Desta vez foi vergonhoso.

Flávio Penna é Diretor da Casa do Jornalista de Minas Gerais.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Confusão no nosso arraial ( Zuenir Ventura)


Embora este jornal em editorial e Luiz Garcia neste espaço já tenham advertido que o fim da exigência de diploma para o jornalismo não deve ser entendido como sinal para o fechamento das escolas de comunicação, nem como desprezo pela sua contribuição ao ensino da profissão, volto ao assunto porque o perigoso equívoco continua aparecendo na polêmica que cerca a decisão do STF. A confusão sobre o papel do jornalista é tanta que ele já foi comparado até a um chefe de cozinha.
A má compreensão aumenta com a ilusão criada pela internet de que qualquer um pode ser repórter: basta dispor de uma máquina fotográfica e da sorte de presenciar um acontecimento. Portanto, não custa reafirmar que ainda que o canudo não seja necessário, a formação é!
Começando pelo óbvio, a universidade constitui um avanço em relação ao autodidatismo e, mesmo imperfeita como a nossa, não pode ser dispensada, mas sim aperfeiçoada. Qualquer determinação em contrário cheira a obscurantismo. Não vale argumentar com as exceções: "Fulano foi um grande jornalista sem ter botado os pés numa faculdade." O presidente do STF citou o caso de García Márquez, Vargas Llosa, Nelson Rodrigues, deixando a impressão de que eles foram excelentes porque não tinham diploma.
Como o jornalista é um especialista em assuntos gerais que não precisa saber tudo, só saber quem sabe, alega-se que sua eventual carência teórica será suprida no dia a dia por especialistas de outras áreas. Trata-se de uma valiosa contribuição, mas que não substitui a formação universitária com todo o seu patrimônio cultural acumulado, além do ensino da língua. Um grande economista não será necessariamente um bom repórter de economia, da mesma maneira que o Prêmio Nobel de Química ou Física não será o editor ideal da seção de Ciência. Eles funcionarão melhor como fontes, articulistas, colaboradores. O que faz a diferença entre o especialista e o jornalista é a capacidade que este tem de traduzir o saber específico daquele numa mensagem palatável para um público leigo. Isso exige preparação técnica, know-how, aprendizado: como apurar, como escrever, como transformar em notícia, por meio de uma linguagem própria, um determinado conteúdo. Pode-se adquirir esses conhecimentos na prática, numa redação de jornal, como eu que, sem diploma, fui professor de jornalismo por 40 anos e sou jornalista há mais de 50. Mas é essa experiência atípica que reforça em mim a certeza de que é imprescindível a formação acadêmica. Ela não é tarefa das empresas.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Protesto (Daniela Costa)




Em um país, onde civis são mortos constantemente por traficantes que já se autodenominam como um poder paralelo, e que mesmo diante disto, um governador diz que está tudo sob controle, que a morte de uma, duas, três pessoas nestas condições é algo atípico...
Onde pessoas passam horas nas filas dos postos de saúde, para, quando atendidas, serem maltratadas, e mesmo assim, terem que aceitar que a classe exija a redução de sua carga horária de oito para seis horas, sendo que, os salários destes funcionários saem do nosso bolso...
Onde o presidente do Senado e o próprio presidente do Brasil, criticam o denuncismo da casa e da própria mídia, alegando que isto desmoraliza a instituição, ou seja, que o melhor é deixar que a podridão fique encoberta...
Onde utiliza-se dinheiro público para bonificar políticos que já ganham mais do que o suficiente para, geralmente, não fazerem nada pela sociedade...
Onde o preconceito é apenas camuflado e na primeira oportunidade, bombas são lançadas em manifestantes gays, e um dos participantes, é morto por espancamento...
Onde faz-se necessário fazer uso de liminar, para que, em eventos como o Fashion Week, ocorra a participação de um número maior de modelos negros.
Onde lançam-se leis, como a Lei Seca, que já nascem com prazo de validade, pois na prática, por falta de fiscalização, não são aplicadas.
Onde o cidadão, além de pagar horrores de impostos, ao estacionar o seu carro, também é coagido a pagar taxas extras para os flanelinhas, senão...
Onde os bandidos ficam soltos, e o povo, preso dentro de suas casas por falta de segurança...
Onde, em pleno século vinte e um, e em um país rico, com descoberta recente até mesmo de reservas de petróleo na costa brasileira, milhares de pessoas continuam morrendo de fome, sede, de descaso!
Em um país, onde a liberdade de expressão foi conquistada às custas de sangue...
Onde o jornalismo levou décadas para aproximar-se da imparcialidade. Onde profissionais da área de comunicação dão duro para saber escrever bem, falar bem, comunicar-se bem, fazer-se entender expressando objetivamente suas idéias, ser muito bem informado, ter um senso crítico aguçado, ter conhecimentos gerais sobre tudo e todos, buscando sim, denunciar os desmandos daqueles que se acham acima da lei.
Pois bem, é neste país, onde muita coisa precisa ser consertada e modificada urgentemente, que o Supremo Tribunal Federal decidiu, na última quarta feira, acabar com a obrigatoriedade do diploma universitário para o exercício do jornalismo. “A exigência do diploma para jornalistas fere a liberdade de expressão, um direito garantido pela Constituição”. O relator do processo, Ministro Gilmar Mendes, afirmou que: “Em se tratando de jornalismo, atividade umbilicalmente ligada às liberdades de expressão e de informação, o Estado não está legitimado a estabelecer condicionamentos e restrições quanto ao acesso à profissão e respectivo exercício profissional”.
Os Ministros também defenderam que não é necessário ter conhecimento técnico para exercer a profissão e que o diploma não afasta os maus profissionais. “O curso de jornalismo, portanto, não garante eliminação das distorções e dos danos recorrentes do mau exercício da profissão, que são atribuídos a deficiências de caráter, de retidão e ética”, disse o ministro Cezar Peluso.
Apenas um ministro, Marco Aurélio de Mello, foi contra a decisão, alegando que o jornalista deve ter uma formação básica que viabilize a prática da atividade profissional.
Creio que, talvez, em nosso país, ainda não se tenha a devida noção sobre a importância da profissão do jornalista. Com certeza, a distorção de caráter, independe da profissão, mas a ética e o profissionalismo característicos de cada área, não!
Acredito até que deveríamos ter faculdade que ensinasse aos políticos a ter moral. A gerir com honestidade o dinheiro do povo e a não se esquecerem que eles são nossos representantes. E mais, “deveria ser lei”, a apresentação de atestado de bons antecedentes de qualquer candidato a cargo público. Não seria fundamental para modificar este cenário de corrupção?!
Mas, dentre tantas questões relevantes, o diploma de jornalista é a grande preocupação do senado!
O fato de o estudante de jornalismo passar quatro anos preparando-se, adquirindo informação, conhecimento, técnica, prática, conhecendo a realidade da profissão, gastando tempo, dinheiro e dedicação, nada disso foi levado em conta. Devo concordar que qualquer um pode comunicar-se, mas fazer comunicação visando o bem estar social e tendo consciência das consequências que cada notícia pode provocar, isto, é para poucos!
Mas não se desesperem. Ainda há esperança para os futuros jornalistas que realmente acreditam e valorizam a profissão. A Federação Nacional dos Jornalistas não concordou com esta decisão, no mínimo, infeliz. “A não exigência do diploma é um golpe imenso na categoria no Brasil”, disse Sérgio Murillo, presidente da Fenaj.
O diretor da Associação Nacional de Jornais, ANJ, Paulo Tonet Camargo, afirmou que as empresas vão continuar exigindo o diploma. “A grande massa dos trabalhadores dos meios de comunicação tem formação superior de jornalismo e vai continuar tendo. Essa situação não vai se alterar. Em termos de emprego e contratação, não vejo alteração”.
E nós, estudantes de jornalismo, esperamos que o governo dê atenção às necessidades básicas dos cidadãos e que não promova um retrocesso e uma desqualificação, no que, a quarenta anos, têm contribuído para a execução do bom jornalismo no Brasil.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Show brasileiro nos EUA ( The New York Times)


Durante debate recente em uma Universidade, nos Estados Unidos, o ex-governador do Distrito Federal (Brasil), CRISTOVAM BUARQUE, foi questionado sobre o que pensava da internacionalização da Amazônia. Um jovem americano introduziu sua pergunta dizendo que esperava a resposta de um humanista e não de um brasileiro.
A resposta de Cristóvão Buarque foi:
"De fato, como brasileiro eu simplesmente falaria contra a internacionalização da Amazônia. Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse patrimônio, ele é nosso. Como humanista, sentindo o risco da degradação ambiental que sofre a Amazônia, posso imaginar a sua internacionalização, como também de tudo mais que tem importância para a humanidade. Se a Amazônia, sob uma ética humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro. O petróleo é tão importante para o bem estar da humanidade quanto a Amazônia para o nosso futuro. Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extração de petróleo e subir ou não o seu preço.
Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser internacionalizado. Se a Amazônia é uma reserva para todos os seres humanos, ela não pode ser queimada pela vontade de um dono, ou de um país. Queimar a Amazônia é tão grave quanto o desemprego provocado pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais.
Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação. Antes mesmo da Amazônia, eu gostaria de ver a internacionalização de todos os grandes museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas à França. Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo gênio humano. Não se pode deixar que esse patrimônio cultural, como patrimônio cultural amazônico, seja manipulado e destruído pelo gosto de um proprietário ou de um país.
Não faz muito, um milionário japonês, decidiu enterrar com ele um quadro de um grande mestre. Antes disso, aquele quadro deveria ter sido internacionalizado. Durante este encontro, as Nações Unidas estão realizando o Fórum do Milênio, mas alguns presidentes de países tiveram dificuldades em comparecer por constrangimento nas fronteiras dos EUA. Por isso, eu acho que Nova York, como sede das Nações Unidas, deve ser internacionalizada. Pelo menos Manhatan deveria pertencer a toda Humanidade.
Assim como Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, cada cidade, com sua beleza específica, sua história do mundo, deveria pertencer ao mundo inteiro. Se os EUA querem internacionalizar a Amazônia, pelo risco de deixá-la nas mãos de brasileiros, internacionalizemos todos os arsenais nucleares dos EUA. Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma destruição milhares de vezes maior do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil.
Nos seus debates, os atuais candidatos a presidência dos EUA têm defendido a idéias de internacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da dívida. Comecemos usando essa dívida para garantir que cada criança do Mundo tenha possibilidade de COMER e de ir à escola.
Internacionalizemos as crianças tratando-as, todas elas, não importando o país onde nasceram, como patrimônio que merece cuidados do mundo inteiro. Ainda mais do que merece a Amazônia. Quando os dirigentes tratarem as crianças pobres do mundo como um patrimônio da humanidade, eles não deixarão que elas trabalhem quando deveriam estudar, que morram quando deveriam viver.
Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo. Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazônia seja nossa.

Só nossa!"

(Esta matéria foi publicada no "The New York Times", no "Washington Post Today" e nos maiores jornais da Europa e Japão, no mês de agosto de 2001. No Brasil não foi publicada).

sábado, 23 de maio de 2009

Conviver em Sociedade (Daniela Costa)


Uma pessoa muito querida por mim, disse-me uma frase que ficou latente em meu pensamento: “Ninguém é obrigado a gostar de ninguém, mas temos a obrigação de tratar a todos com educação”. Fiquei refletindo sobre como uma frase tão pequena pode surtir efeitos tão grandiosos, se colocada em prática.
Em nosso dia-a-dia, defrontamo-nos com situações desagradáveis a todo o instante. Afinal, viver em sociedade é uma imposição feita a todos, mas conviver em sociedade, é para poucos!
Como é difícil tornar homogênea e aceitável esta miscigenação de culturas, de crenças, costumes, posturas e vivências. Em todos os ciclos sociais dos quais participamos, existe um confronto de idéias, conceitos e preconceitos. E nem sempre é fácil abrir mão da bagagem de uma vida inteira, para concordar com as de seus semelhantes.
Conviver em sociedade, é ter como inevitável, o encontro das diferenças, e o desencontro de pensamentos. É entender que por mais que se deseje impor algum ponto de vista, em dados momentos, e não raros, concordando ou não, teremos simplesmente que aceitar.
Mas isto não significa que teremos que nos anular! Que deixaremos de ter nossas convicções, nossos ideais. Significa apenas que teremos que ser inteligentes, por que para se viver em sociedade, faz-se necessário ser perspicaz.
As pessoas não gostam de ouvir determinadas coisas, mesmo que sejam verdades, preferem manter um comportamento político, e na maioria das vezes, falso. Mas não se engane, nem todo mundo que lhe sorri, é confiável.
Em uma sociedade onde vive-se através das aparências, os mais ousados e francos, inevitavelmente serão julgados e condenados. Fugir do padrão da politicagem, é pedir para não ser aceito. E por pior que seja a constatação desta realidade, observa-se que é muito difícil viver fora dela. E para tornar as coisas um pouco mais fáceis, pode-se aplicar o conceito da frase inicial. Mesmo que você deteste o seu chefe, a sua sogra, o seu vizinho, o seu professor, o seu colega de sala, o seu companheiro de trabalho; e vá contra os seus princípios simular uma afeição, trate-o pelo menos com educação, pois assumir determinadas posições, pode lhe custar um alto preço!

Como diria Thomas Hobbes : "O homem é lobo do homem".

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Esperança (Daniela Costa)


A esperança é o que enche meu coração de alegria,

é o que preenche o vazio dos meus dias,

é o que me anima,

e renova minhas energias!


A esperança, é o que enche de felicidade minha alma,

é o porto seguro, o abraço acolhedor,

é a mão caridosa, que me acolhe e acalma,

é o ombro amigo, onde confidencio minha dor.


A esperança, é o que me permite sonhar,

é o que na vida, me faz acreditar.

É o que traz brilho ao meu olhar.

É algo, que nunca me deixa desanimar!


A esperança, é o que seca minhas lágrimas,

e abafa meus soluços.

É o que me faz vencer meus medos,

e superar todos os meus tropeços...


Ah esperança!

Tão doce e tão almejada,

quem dera todos nós a tivéssemos,

para seguirmos firmes em nossa jornada.




quinta-feira, 14 de maio de 2009

Hino Nacional (Carlos Drummond de Andrade)

Precisamos descobrir o Brasil!
Escondido atrás das florestas, com a água dos rios no meio, o Brasil está dormindo, coitado!
Precisamos colonizar o Brasil!
O que faremos importando francesas muito louras, de pele macia, alemãs gordas, russas nostálgicas para garçonnettes dos restaurantes noturnos. E virão sírias fidelíssimas. Não convém desprezar as japonesas.
Precisamos educar o Brasil!
Compraremos professores e livros, assimilaremos finas culturas, abriremos dancings e subvencionaremos as elites.
Cada brasileiro terá sua casa com fogão e aquecedor elétricos, piscina, salão para conferências científicas. E cuidaremos do Estado Técnico.
Precisamos louvar o Brasil!
Não é só um país sem igual. Nossas revoluções são bem maiores do que quaisquer outras; nossos erros também. E nossas virtudes? A terra das sublimes paixões...os Amazonas inenarráveis... os incríveis João-Pessoas...
Precisamos adorar o Brasil!
Se bem que seja difícil caber tanto oceano e tanta solidão no pobre coração já cheio de compromissos... se bem que seja difícil compreender o que querem esses homens, por que motivo eles se ajuntaram e qual a razão de seus sofrimentos.
Precisamos, precisamos esquecer o Brasil!
Tão majestoso, tão sem limites, tão despropositado, ele quer repousar de nossos terríveis carinhos.
O Brasil não nos quer! Está farto de nós! Nosso Brasil é no outro mundo.
Este não é o Brasil. Nenhum Brasil existe. E acaso existirão os brasileiros?

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Ausência (Vinícius de Moraes)


Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos... que são doces.

Porque nada te poderei dar, senão a mágoa de me veres eternamente exausto.

No entanto, a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida!

E eu sinto que em meu gesto, existe o teu gesto, e em minha voz, a tua voz.

Não te quero ter, porque em meu ser, tudo estaria terminado.

Quero só que surjas em mim, como a fé nos desesperados.

Para que eu possa levar uma gota de orvalho, nesta terra amaldiçoada.

Que ficou sobre a minha carne, como nódoa do passado.

Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face, em outra face.

Teus dedos, enlaçarão outros dedos, e tu desabrocharás para a madrugada.

Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite.

Porque eu encostei minha face, na face da noite, e ouvi a tua fala amorosa.

Porque meus dedos, enlaçaram os dedos da névoa, suspensos no espaço.

E eu trouxe até mim, a misteriosa essência do teu abandono desordenado.

Eu ficarei só, como os veleiros, nos pontos silenciosos.

Mas eu te possuirei como ninguém, porque poderei partir.

E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas...

Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Indiferença (Daniela Costa)


Quando caí em mim mesma, e me enxerguei por inteira,
senti que uma dor profunda dilacerava o meu coração,
pois percebi todas as minhas falhas e fraquezas.
Constatei que, na ânsia de controlar o mundo,
não conseguia dominar nem a mim a mesma.
Minha alma se contorceu, se quebrou, e se desfez, pouco a pouco...
em meio a tantas angústias, e a tantas frustrações!
Descobri que para conquistar o mundo, teria primeiro que conquistar e respeitar a mim mesma.
Percebi também, que não era usando uma couraça de arrogância e agressividade,
que iria conseguir o respeito, e principalmente, o carinho das pessoas.
Quando eu imaginava que seguia em frente,
verifiquei que caminhava para trás, em um retrocesso constante...
e em plena decadência!
Meus conceitos, minhas exigências, minha imprudência, minha intolerância...
Não me permitiam ver o mal que tenho feito aos outros, e a mim mesma.
Quantas palavras mal ditas, quantos corações magoados.
Quantas pedras atiradas em alvos inocentes.
Quanta ignorância, ao pensar que aos berros, conquistaria a atenção de alguém.
O que consegui, foram apenas olhares de reprovação, daqueles que não tiveram a oportunidade nem mesmo de me orientar.
Quanto tempo desperdiçado, e quantas pessoas deixadas para trás,
perdidas na névoa do passado, em meio aos meus atos impensados!
E quanta tristeza senti, ao observar que minha colheita não poderia ser próspera, pois havia plantado...

Apenas indiferença!


quarta-feira, 6 de maio de 2009

Pense Diferente (Flávio Penna)


2009 está aí. Tem, como os outros anos, 365 dias. Aliás, os cientistas deram a ele um segundo a mais, o que significa que você terá mais tempo para realizar, em 2009, todos os seus sonhos e projetos.
Mas eu no seu lugar, não estenderia muito esta lista de propósitos. Faria apenas um compromisso. Um apenas para ter a certeza de que poderei me dedicar inteiramente a ele. Eu assumiria o compromisso de, em 2009, ser feliz.
É claro que emagrecer será muito bom, mas se não conseguir, vou ser feliz com os quilinhos a mais. O carro, a casa, o emprego melhor, tudo, se virar realidade, ótimo. Se não, vou ser feliz assim mesmo. Afinal, estou atrás de tudo isto a minha vida toda e não será, por não ter conseguido realizar tudo num ano, que vou me sentir infeliz, frustrado.
Alguém, não sei quem (são muitas pessoas falando muitas coisas), disse que tem mais presença em nós aquilo que nos falta. Se bem entendi, ele está chamando a atenção para a mania que temos de pensar muito mais no que não temos, do que naquilo que temos.
No ano novo, pense diferente. Valorize tudo o que você tem. Tudo mesmo, material e imaterial. Assim, se nos 365 dias, quatro horas e um segundo de 2009, houver perdas, e elas são inevitáveis, você poderá, mesmo assim ser feliz. Feliz por ter sido feliz com aquilo que Deus (se você acredita nele) ou o destino (se você acredita nele), lhe deu.
Enfim, seja feliz mesmo. Não se prenda ao que apenas lhe dá felicidade momentânea. Esta história de que felicidade não é algo contínuo, é papo furado de quem não se anima a ir atrás dela, se agarrando ao que lhe faz feliz no momento. Bom, mas esta é uma discussão complicada e se você, em 2009, quer só viver feliz, vá em frente. É o seu projeto.
Agora, se você quer ser feliz, neste ano que começa e nos que virão, faça o propósito, único, de ser feliz. Com certeza você vai conseguir realizar cada um de seus sonhos. Se alguns deles forem impossíveis na sua cabeça, faça uma troca. Coloque outro no lugar e esqueça aquele.
Quando você virar a folha do calendário, pense apenas no que conseguiu realizar na folhinha virada. Não lamente o que não conseguiu. Pelo menos no calendário, é vida nova. Viva esta vida intensamente.
Estou torcendo para que todos os bons “dades” acompanhem você no ano que começa:
Tenha liberdade. Dignidade. Capacidade. Lealdade. Mais idade. Autoridade. Simplicidade. Vaidade. Validade. Identidade. Humildade. Prosperidade. E por que não saudade, que é lembrança de coisa boa que vivemos.

Felicidades.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Limitações - (Fernando Pessoa)




Onde você vê um obstáculo,

alguém vê o término da viagem,

e o outro, vê uma chance de crescer.

Onde você vê um motivo pra se irritar,

alguém vê a tragédia total,

e o outro, vê uma prova para sua paciência.

Onde você vê a morte,

alguém vê o fim,

e o outro, vê o começo de uma nova etapa.

Onde você vê a fortuna,

alguém vê a riqueza material,

e o outro, pode encontrar por trás de tudo,

a dor e a miséria total.

Onde você vê a teimosia,

alguém vê a ignorância,

e um outro, compreende as limitações do companheiro,

percebendo que cada qual caminha em seu próprio passo.

E que é inútil querer apressar o passo do outro,

a não ser que ele deseje isso.

Cada qual vê o que quer, pode ou consegue enxergar.

Porque eu sou do tamanho do que vejo,

e não do tamanho da minha altura.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Fios de Prata (Daniela Costa)


É sempre assim, em um dado momento da vida, quando você menos espera, eles aparecem. Silenciosamente, sem alardes, nem aviso prévio. Chegam sorrateiramente, como se fizessem questão de lhe provar que você não possui o controle sobre tudo, e muito menos, sobre a linha do tempo.
Traiçoeiros, tentam se camuflar para mostrarem-se pouco a pouco. Podem ser interpretados de várias formas. Uns agregam-lhes valores, e os transformam em sinônimo de sabedoria e aprendizado. Outros, já os vêem de forma negativa, um sinal de que os dias estão se passando, sem retorno, como se não tivéssemos outra escolha, senão seguir em frente. Muitas vezes, eles nos provam que a infância e a juventude, são vividas apenas uma vez.
Eles também possuem o poder de nos fazerem refletir. Olhar para trás, e analisar nossas atitudes, sentimentos, emoções. Às vezes, assustamos-nos com o que já fomos capazes de falar, fazer e planejar...
Em certas ocasiões da vida, quando deparamos-nos nitidamente com eles, fazemos um retrocesso e visualizamos aquilo que foi aproveitado, e também tudo o que foi desperdiçado, e desprezado por nós. Nisto se incluem oportunidades que deixamos de lado, momentos especiais que não nos permitimos viver, e principalmente, pessoas que tivemos o dom de descartar!
Mas o lado bom de tudo isso, são aquelas saudosas recordações. Lembranças que fixaram-se em nossa memória através da solda do tempo. Quantos momentos alegres em família. O chamego da mãe, a seriedade do pai, as peraltices dos irmãos, as artes que fazíamos escondidos, achando sempre que ninguém nos descobriria. O primeiro amor, que no fundo, talvez não tenha passado de um sonho de criança. Os amigos queridos, eternamente guardados em nossos corações. Os sonhos de meninos e meninas de tornarem-se astronautas, médicos, veterinários, jogadores de futebol, cantoras, dentistas, modelos, artistas de cinema.
Quanta coisa boa eles, nossos tímidos fios de prata, nos fazem recordar, trazendo-nos a sensação de dever cumprido. Ao emoldurar nossas faces, estes, às vezes temidos cabelos brancos, afloram dentro de nós, lágrimas de gratidão, reconhecimento e respeito, por toda a nossa história, e por todos aqueles que fizeram parte dela!

segunda-feira, 20 de abril de 2009

O Analfabeto Político ( Bertold Brecht / Alemanha1898-1956 )



O pior analfabeto é o analfabeto político.

Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, da renda
de casa, dos sapatos, dos remédios, dependem das decisões políticas.

O analfabeto político é tão burro, que se orgulha e enche o peito de ar, dizendo que odeia a política.

Não sabe, o idiota, que da sua ignorância política nasce a prostituta, o menor
abandonado, e o pior de todos, os bandidos, que são os políticos vigaristas, ladrões,
os corruptos e lacaios exploradores do povo.






quinta-feira, 16 de abril de 2009

A verdade dói (Arnaldo Jabour)



- Brasileiro é um povo solidário. Mentira. Brasileiro é babaca. Pagar 40% de sua renda em tributos e ainda dar esmola para pobre na rua ao invés de cobrar do governo uma solução para pobreza; Aceitar que ONG's de direitos humanos fiquem dando pitaco na forma como tratamos nossa criminalidade... Não protestar cada vez que o governo compra colchões para presidiários que queimaram os deles de propósito, não é coisa de gente solidária. É coisa de gente otária.

- Brasileiro é um povo alegre. Mentira. Brasileiro é bobalhão. Fazer piadinha com as imundíces que acompanhamos todo dia é o mesmo que tomar bofetada na cara e dar risada. Depois de um massacre que durou quatro dias em São Paulo, ouvir o José Simão fazer piadinha a respeito e achar graça, é o mesmo que contar piada no enterro do pai... Brasileiro tem um sério problema. Quando surge um escândalo, ao invés de protestar e tomar providências como cidadão, ri feito bobo.

- Brasileiro é um povo trabalhador. Mentira. Brasileiro é vagabundo por excelência. O brasileiro tenta se enganar, fingindo que os políticos que ocupam cargos públicos no país, surgiram de Marte e pousaram em seus cargos, quando na verdade, são oriundos do povo. O brasileiro, ao mesmo tempo em que fica indignado ao ver um deputado receber 20 mil por mês, para trabalhar 3 dias e coçar o saco o resto da semana, também sente inveja e sabe lá no fundo que se estivesse no lugar dele faria o mesmo. Um povo que se conforma em receber uma esmola do governo de 90 reais mensais para não fazer nada e não aproveita isso para alavancar sua vida (realidade da brutal maioria dos beneficiários do bolsa família), não pode ser adjetivado de outra coisa que não de vagabundo.

- Brasileiro é um povo honesto. Mentira... Já foi; hoje é uma qualidade em baixa. Se você oferecer 50 Euros a um policial europeu para ele não te autuar, provavelmente irá preso. Não por medo de ser pego, mas porque ele sabe ser errado aceitar propinas. O brasileiro, ao mesmo tempo em que fica indignado com o mensalão, pensa intimamente o que faria se arrumasse uma boquinha dessas, quando na realidade isso sequer deveria passar por sua cabeça.

- 90% de quem vive na favela é gente honesta e trabalhadora. Mentira. Já foi. Historicamente, as favelas se iniciaram nos morros cariocas quando os negros e mulatos retornando da Guerra do Paraguai ali se instalaram. Naquela época quem morava lá era gente honesta, que não tinha outra alternativa e não concordava com o crime. Hoje a realidade é diferente. Muito pai de família sonha que o filho seja aceito como 'aviãozinho' do tráfico para ganhar uma grana legal. Se a maioria da favela fosse honesta, já teriam existido condições de se tocar os bandidos de lá para fora, porque podem matar 2 ou 3, mas não milhares de pessoas. Além disso, cooperariam com a polícia na identificação de criminosos, inibindo-os de montar suas bases de operação nas favelas.

- O Brasil é um pais democrático. Mentira. Num país democrático a vontade da maioria é Lei. A maioria do povo acha que bandido bom, é bandido morto, mas sucumbe a uma minoria barulhenta que se apressa em dizer que um bandido que foi morto numa troca de tiros, foi executado friamente. Num país onde todos têm direitos mas ninguém tem obrigações, não existe democracia e sim, anarquia. Num país em que a maioria sucumbe bovinamente ante uma minoria barulhenta, não existe democracia, mas um simulacro hipócrita. Se tirarmos o pano do politicamente correto, veremos que vivemos numa sociedade feudal: um rei que detém o poder central (presidente e suas MPs), seguido de duques, condes, arquiduques e senhores feudais (ministros, senadores, deputados, prefeitos, vereadores).Todos sustentados pelo povo que paga tributos que têm como único fim, o pagamento dos privilégios do poder. E ainda somos obrigados a votar. Democracia isso? Pense ! O famoso jeitinho brasileiro. Na minha opinião, um dos maiores responsáveis pelo caos que se tornou a política brasileira.

- Brasileiro se acha malandro, muito esperto. Faz um 'gato' puxando a TV a cabo do vizinho e acha que está botando pra quebrar. No outro dia o caixa da padaria erra no troco e devolve 6 reais a mais, caramba, silenciosamente ele sai de lá com a felicidade de ter ganhado na loto... malandrões, esquecem que pagam a maior taxa de juros do planeta e o retorno é zero. Zero saúde, zero emprego, zero educação, mas e daí? Afinal somos penta campeões do mundo né??? Grande coisa...

- O Brasil é o país do futuro. Caramba, meu avô dizia isso em 1950. Muitas vezes cheguei a imaginar em como seria a indignação e revolta dos meus avôs se ainda estivessem vivos. Dessa vergonha eles se safaram...

- Brasil, o país do futuro!? Hoje o futuro chegou e tivemos uma das piores taxas de crescimento do mundo.

- Deus é brasileiro. Puxa, essa eu não vou nem comentar...

O que me deixa mais triste e inconformado é ver todos os dias nos jornais a manchete da vitória do governo mais sujo já visto em toda a história brasileira. Para finalizar tiro minha conclusão: O brasileiro merece! Como diz o ditado popular, é igual mulher de malandro, gosta de apanhar. Se você não é como o exemplo de brasileiro citado nesse e-mail, meus sentimentos amigo, continue fazendo sua parte, e que um dia pessoas de bem assumam o controle do país novamente. Aí sim, teremos todas as chances de ser a maior potência do planeta. Afinal aqui não tem terremoto, tsunami, nem furacão.Temos petróleo, álcool, bio-diesel, e sem dúvida nenhuma o mais importante: Água doce!Só falta boa vontade, será que é tão difícil assim?